O DIABO NA LITERATURA

O DIABO NA LITERATURA

  1. A Dupla Inseparável e a Literatura

Para começar as considerações sobre o tema de que me incumbi nesta jornada do fantástico, apresso-me a afirmar ser o Diabo inseparável de Deus1, quer no plano da Teologia, quer no da Literatura Universal onde naturalmente se inserem as literaturas de Língua Portuguesa.

Convém desde já chamar a atenção de todos para o fato de ser o Diabo um construto da razão humana sendo ao mesmo tempo uma tentativa de explicação lógica para a aporia do Mal. As pessoas crentes em Deus consideram esta explicação verdadeira, real; as incrédulas acham-na mítica, mas, se bem examinarmos, estes dois posicionamentos estão mais próximos do que distantes entre si, pois todos sabemos que um mito dispõe da faculdade de converter-se em fato concreto tanto quanto a pessoa ou o acontecimento pode vir a transformar-se em mito. Por isso é que Georges Minois nos assevera: “Investido das fantasias coletivas e individuais, o mito toma forma e age. Na cultura ocidental cristã, que foi a que levou mais longe a reflexão sobre o Mal, o Diabo continua a desempenhar nos nossos dias um papel capital.” 2

O Diabo é uma categoria fundamental do sistema religioso de interpretação do mundo calcada no sobrenatural, pois não pode ser explicado por uma operação científica e, portanto, foge à possibilidade de elucidação nos limites do que é material ou físico. Talvez resida aí a força que o mantém atuante nos dias em curso.

O Diabo praticamente inexiste no politeísmo, porém no monoteísmo judaico-cristão personifica o princípio do Mal, sempre oposto ao princípio do Bem personificado em Deus. A construção teológica opera racionalmente no sentido de nomear um Ser responsável pela geração do Mal, o Diabo, porque em não havendo este, Deus, origem de todas as coisas, também seria o responsável pela geração do Mal.

O Diabo, portanto, conforme a lógica da Teologia, se põe no incômodo papel de adversário de Deus, investido que está dos poderes capazes de desafiar e perturbar o reino do Todo-Poderoso. Esta e muitas outras questões são colocadas ao monoteísmo cristão que, como se sabe, foi a religião que concebeu mais completamente o Diabo.

O Diabo é indissociável de Deus. Esta dupla é inseparável, e arrasta consigo uma extensa literatura construída através de milênios, cujas páginas mais remotas estão na Bíblia.

E por falarmos em dupla, passemos a tecer considerações sobre o duplo e suas implicações na Literatura e na Arte.

2. O Duplo, seu Repertório, e a Insatisfação Humana

O duplo, do mesmo modo que a maioria dos temas literários fundamentais, não é novo. Estudando a ilusão oracular, o acontecimento e seu duplo, Clément Rosset recorre a uma fábula de Esopo, O Rapaz e o Leão Pintado; a uma lenda de Édipo segundo a versão de Sófocles; à história de Segismundo em A vida é um Sonho, de Calderón de La Barca, e ainda a um conto árabe narrado por Jacques Deval em sua peça Esta Noite em Samarcande.3

As narrativas utilizadas por Clément Rosset são todas anteriores ao Romantismo alemão, ponto de onde parte a tese clássica de Otto Rank, Le double, de 1914. Para Rank:

De même que la haine entre frères a été un thème typique de la litterature allemande à la fin du XVIIIe siècle, ou l’amour incestueux entre frère et soeurs à la periode de Jacques Ier en Angleterre, de même c’est à l’epoque du romantisme que fleurit le problème du Double en Allemagne. 4

É verdade que Otto Rank consigna a ocorrência deste tema no folclore, na superstição, bem como na origem das religiões dos povos primitivos e antigos, mas o que lhe parece útil estudar é:

comment les auteurs modernes envisagent ce problème. En effet, ils aiment à traiter leur sujets du point de vue psychologique, ce qui nos rend plus inteligibles et plus intéressants. 5

Otto Rank passa então em revista, motivado pelo filme O Estudante de Praga (adaptação do romance de Hans Heinz Ewers, primeira obra cinematográfica a realizar o tema do duplo), a literatura anterior dedicada ao assunto.

É preciso lembrar, neste passo, que os temas da inveja, do incesto e do duplo são diabólicos porque contrariam a ordem natural das coisas dispostas no Plano Divino. A inveja é a causa da rebeldia luciferina e dos fratricídios narrados na Bíblia, o incesto é uma transgressão antinatural, e o duplo, a própria cisão-raiz de todo o Mal.

Mas prossigamos com a revisão da literatura feita por Rank. Este famoso psicanalista assinala então o papel destacado de E.T.A. Hoffmann, por ele tido na conta de “poète classique du Double” 6, em quem Ewers foi buscar a sugestão para seu livro. “L’histoire du reflet perdu”, de Hoffmann, é a fonte direta do romance de Ewers.

Mas o inventário daqueles autores que lançaram mão do tema, e das respectivas obras por eles escritas, acompanhadas de resumos e comentários, é extenso. Para dar idéia do rico material levantado por Otto Rank, indicaremos os nomes e os trabalhos que lhe pareceram mais importantes – respeitaremos a grafia da fonte nos títulos das obras conforme a edição compulsada da tese de Rank – no capítulo intitulado Le Thème du Double dans la Littérature. Assim, temos o seguinte rol: Andersen, L’ombre, conto; Lenau, Anna, poesia; Frankl, Œuvres, poema (balada); Hans Muller von der Leppe, Malheur à la vanité, poema (canção); Moerike, l’Ombre, poema; Richard Dehmel, L’ombre, poema; Stevenson, Le cas étrange du Dr. Jekill et Mr. Hyde, novela; Hoffmann, Les Élixirs du Diable, Le Double, Les Opinions du Chat Murr, La Princesse Brambilla, Le Coeur de Pierre, Le Choix d”Ane Fiancée, L’homme de Sable; Jean Paul, Siebenkäs, La confession du diable chez un grand dignataire de l’Etat, romance; Ferdinand Raimund, Le Roi des Alpes et le Misanthrope, Le Dissipateur, teatro; Wilde, Le portrait de Dorian Gray, romance; Heine, Radcliff, Les Nuits de Florence, Attatroll, Allemagne, un conte d’hiver, narrativas, e Le Double, poema; Maupassant, Horla, novela, e Lui, conto; Musset, La nuit de décembre, poema; Coleridge, Transformation, poema; Baudelaire, Le Jeu, poema; J. -E. Poritzky, Une Nuit, conto; Poe, Willian Wilson, novela; Dostoïeviski, Le Double, romance.

Desta lista, que não é completa, logo ressalta haver o tema do duplo alcançado a poesia, a narrativa curta, média e longa, e o teatro, gêneros também escolhidos por Sá-Carneiro para trabalhar o assunto. Coincidência ou não, o certo é que o poeta português tomou o caminho dos mais significativos escritores acima relacionados, sem abandonar a melhor tradição da literatura de seu País, basta lembrar aqui o Diabo nos autos de Gil Vicente, a primorosa narrativa de Alexandre Herculano “A dama pé-de-cabra”, e a produção de Eça de Queirós, autor de dois textos jornalísticos intitulados respectivamente “O Senhor Diabo” e “Mefistófeles”, e ainda da novela O Mandarim e dos romances A Relíquia e A Ilustre Casa de Ramires.7

De fato, na transição do século XIX para o XX, a literatura do duplo esteve bastante cotada junto ao público leitor, devido a vários ingredientes sedutores: mistério, suspense, destino, angústia, morte, transgressão, loucura, entre outros, todos, relacionados ao trágico e ao mundo das sombras, do vazio, da vaidade, das poções mágicas, das dissipações, metamorfoses malignas e até mesmo ao poder do homem obstinado em criar artificialmente um seu semelhante. Tais ingredientes – é bom não esquecer – se relacionam diretamente com o fantástico. É assim que também entende Robert Muchembled: “o processo de interiorização do Mal começou com a invenção do fantástico, uma maneira literária e cultural de abordar respeitosamente o sobrenatural, abrindo uma brecha entre a crença e a dúvida. Não acreditar em demasia, para poder duvidar moderadamente. Esse processo conhecerá, todavia, uma súbita aceleração no século XIX e ocupará ainda uma grande parte do século XX”.8

No entanto, o objetivo primacial de Otto Rank ao estudar o duplo foi de ordem médica, psicológica e psicanalítica. A respeito das obras escritas por Heine, por exemplo, escreve ele:

(reflet, ombre, portrait), nous voyons que l’état psyche d’une personne est représenté par deux existences distinctes, grâce à un état amnésique qui lui permet de se manifester sous deux formes distinctes, le plus souvent contradictoires. Ces cas de double conscience ont été observés cliniquement et ont trouvé leur utilisation dans la littérature, mais pour notre étude ils sont inutiles. 9

A perspectiva de Otto Rank está presa a uma dada terminologia (“état psyche d’une personne”, “état amnésique”, “double conscience”, “observé cliniquement”) que não nos deixa dúvida quanto ao objeto e ao enfoque da especialidade do autor.

Ocorre, no entanto, ser este livro clássico indispensável para compreendermos como “l’artiste créateur est, au point de vue psychologique, le continuateur du héros tel qu’il a vécu dans l’humanité préhistorique”10, ainda que as conclusões do autor transbordem do campo literário para o psicanalítico.

Nessa perspectiva, também cabe considerar a literatura escrita por Sá-Carneiro11 no mesmo plano da catalogada por Otto Rank, anotando-se naturalmente que o poeta português, por decisão própria, “remplit la fonction sociale du héros antique qui lui fournit toujours le sujet et le modèle” 12.

A questão do duplo diz respeito a assuntos correlatos como a angústia e o desespero, postos na reflexão filosófica do século XX por iniciativa de Sören Kierkegaard. Façamos, pois, uma conexão entre o tema do duplo, que introduzimos a partir de Otto Rank, e dois estudos de Eduardo Lourenço – voltados para problemas inerentes à duplicidade.

Eduardo Lourenço dedica dois ensaios da coletânea sob o título Fernando Rei da Nossa Baviera, a estudos comparativos da obra de Sören Kierkegaard com a de Fernando Pessoa. No primeiro deles discute “as máscaras do Absoluto”, pois que ambos fizeram uso da heteronímia, precedendo naturalmente o filósofo da existência ao poeta do desassossego.13

No segundo, examina “a comunicação indireta”, e expõe seu ponto de vista sobre “a confusão comum entre sinceridade e autenticidade” relacionadas com a comunicação indireta, ou seja, o fingimento. Em nenhum momento desses dois ensaios faz Eduardo Lourenço menção a Sá-Carneiro, autor que nos parece muito mais próximo das questões propostas por Sören Kierkegaard.

Vem a calhar com o que afirmamos, a posição do filósofo dinamarquês no atinente à angústia e ao desespero humanos que examina em seus livros. A obra de Sören Kierkegaard, escrita no século XIX, antecipa e desenvolve questões fundamentais para o século seguinte. Sua influência filosófica se inicia nos turbulentos dias da Primeira Guerra Mundial, ampliando-se daí em diante. Ela se põe no concerto dos esforços humanos que buscam compreender uma realidade nova e perturbadora. Mediante um profundo saber em torno do fragmentário e da inevitável ameaça a todas as formas de existência e criação, da insegurança do homem e do abismo em que este se acha (levando em conta seu dar-se a si mesmo na experiência da vida e da história), vão-se gerando, a partir da reflexão filosófica, novas idéias quanto às necessidades de conformação e decisão vitais, no plano pessoal e no histórico, bem como a respeito das possibilidades insatisfeitas da essência humana.

Devemos, assim, compreender que a partir do século XX assistiremos às metamorfoses passadas pelo Demônio, que abandona o espaço externo e se imiscui no ânimo do ser humano, cindindo-lhe em definitivo a interioridade e passando a acicatá-lo nas regiões mais abissais da subjetividade, onde deposita uma pletora de males, como aconteceu a Charles Baudelaire, que chegou a escrever as “Litanias de Satã” 14, terrível expressão de um espírito possuído de entusiasmo luciferino.

3. O Eterno Estigma na Literatura

A natureza humana insatisfeita – eis a base de apoio indispensável à proliferação do Mal através de seu agente máximo, o Diabo. Este eterno estigma vem preenchendo ao longo dos séculos as páginas da literatura inventiva, crítica, ensaística e teórica de todas as partes do mundo.

Um simples exame do assunto nos leva a passar em retrospectiva os demônios ambíguos da Oceania; a concepção do Mal na cultura indiana; o exorcismo praticado por meio da escrita na China e no Japão; Zoroastro e o Rig-Veda no Irã; a Mesopotâmia e a presença do Mal na epopéia de Gilgamesh; o deus Set egípcio e a prefiguração do Diabo; os Maias e o esboço do Diabo; Israel e o impactante diálogo de Deus com Satanás no Livro de Jô, e o surgimento deste último no Livro de Enoch; o Diabo na Igreja primitiva; a profusa literatura demoníaca da Idade Média; o satanismo das bruxas de Salém (1692, Massachusets); o Islã, o Alcorão, e Maomé X Satã; a sombra do Diabo que paira sobre o Ocidente contemporâneo. Sugiro, para maior compreensão destas meras indicações, a leitura da História Geral do Diabo15, de Gerald Messadié. Além desta, outras poderão ser feitas a partir da bibliografia indicada ao fim.

É tempo de concluir, e já que não podemos falar extensivamente do inferno dantesco da Divina Comédia, do Satanás de John Milton no Paraíso Perdido, do Dr. Faustus de Goëthe, e de tantas outras obras da Literatura Universal que têm por tema o Diabo, dou-lhes sugestões de leituras em Língua Portuguesa, como as feitas em linhas anteriores, às quais acresço umas poucas páginas da Literatura Brasileira. Proponho primeiro a leitura de A Noite na Taverna, de Ávares de Azevedo, “A igreja do Diabo” e “O sermão do Diabo”, do imortal “bruxo do Cosme Velho”, Machado de Assis, “Sua Excelência” (uma narrativa curta encaixada nas páginas de Os Bruzundangas), de Lima Barreto, além do insuperável Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, caso moderno de triunfo do Manuel (ou de Emmanuel) sobre o Encourado (o Diabo).

E não posso deixar de remeter os interessados ainda à literatura de cordel, na qual temos clássicos como a História de Roberto do Diabo, de Leandro Gomes de Barros – resíduo de uma narrativa medieval; A eleição do Diabo e a posse de Lampeão no Inferno, de João José da Silva; Brosogó, Militão e o Diabo, de Patativa do Assaré; Peleja dum cantador de Côco com o Diabo, de José Pacheco.

E para terminar, vale a pena ler A visita de Satanás a um baile funk, de dois autores, Botelho Pinto e MC Papangú, da Gráfica Editora Dominada Ltda www.infernet.cão/www.prufunda.cão cujo endereço é Rua Baixa da Égua, nº 0 – Cidade das Prufunda. E tem muito mais…

Notas:

RP é Doutor em Letras pela PUC-Rio. Professor-Adjunto do Departamento de Literatura da UFC e da Pós-Graduação em Letras do Mesmo Departamento. Poeta, crítico e ensaísta.

MINOIS, Georges. O Diabo – Origem e evolução histórica. Lisboa: Terramar, 2003, p.5.

Ibidem.

ROSSET, Clément. O Real e o seu Duplo. L&PM Editores, 1988, pp.20-40.

RANK, Otto. Don Juan et le Doublé. Paris: Payot, p.9: “Do mesmo modo que a inveja entre irmãos veio a ser tema típico na literatura alemã, pelo fim do século XVIII, e o amor incestuoso entre irmãos, no período de Jacques I na Inglaterra, da mesma forma floresce o tema do Duplo à época do Romantismo na Alemanha”. [Trad. RP]

Ibidem: “como os autores modernos encaram o problema. De fato, gostam de tratar os assuntos do ponto de vista psicológico, tornando-os mais inteligíveis e interessantes”. [Trad. RP]

Ibidem, p.15.

A propósito, remeto quem deseje maiores esclarecimentos acerca do Diabo nas narrativas de Eça de Queirós ao meu ensaio Três variações de Mefisto em Eça. Fortaleza: Cadernos do IAPEL, 2000.

MUCHEMBLED, Robert. Uma história do Diabo, século XII a XX. Lisboa: Terramar, 2003, p.16.

RANK, op. cit., p.25: “(reflexo, sombra, retrato) vemos que o estado psíquico de uma pessoa é representado por duas existências distintas, graças a um estado amnésico que lhe permite manifestar-se sob duas formas, o mais das vezes contraditórias. É o caso da dupla consciência quando observada clinicamente ou utilizada na literatura, mas para nosso estudo de todo inútil”. [Trad. RP]

Ibidem, p.6: “O artista criador é – do ponto de vista psicológico – o continuador do herói tal como foi ideado na humanidade pré-histórica”. [Trad. RP]

Cf. minha tese O jogo de duplos na poesia de Sá-Carneiro. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1998.

RANK, op. cit., p.25: “Retoma a função social do herói antigo que lhe oferece sempre o motivo e o modelo”. [Trad. RP]

Sören Kierkegaard (1813-1855) e Fernando Pessoa (1888-1934).

BAUDELAIRE, Charles. As flores do Mal. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1985, p.423-6.

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1 MINOIS, Georges. O Diabo – Origem e evolução histórica. Lisboa: Terramar, 2003, p.5.

2 Ibidem.

3 ROSSET, Clément. O Real e o seu Duplo. L&PM Editores, 1988, pp.20-40.

4 RANK, Otto. Don Juan et le Doublé. Paris: Payot, p.9: “Do mesmo modo que a inveja entre irmãos veio a ser tema típico na literatura alemã, pelo fim do século XVIII, e o amor incestuoso entre irmãos, no período de Jacques I na Inglaterra, da mesma forma floresce o tema do Duplo à época do Romantismo na Alemanha”. [Trad. RP]

5 Ibidem: “como os autores modernos encaram o problema. De fato, gostam de tratar os assuntos do ponto de vista psicológico, tornando-os mais inteligíveis e interessantes”. [Trad. RP]

6 Ibidem, p.15.

7 A propósito, remeto quem deseje maiores esclarecimentos acerca do Diabo nas narrativas de Eça de Queirós ao meu ensaio Três variações de Mefisto em Eça. Fortaleza: Cadernos do IAPEL, 2000.

8 MUCHEMBLED, Robert. Uma história do Diabo, século XII a XX. Lisboa: Terramar, 2003, p.16.

9 RANK, op. cit., p.25: “(reflexo, sombra, retrato) vemos que o estado psíquico de uma pessoa é representado por duas existências distintas, graças a um estado amnésico que lhe permite manifestar-se sob duas formas, o mais das vezes contraditórias. É o caso da dupla consciência quando observada clinicamente ou utilizada na literatura, mas para nosso estudo de todo inútil”. [Trad. RP]

10 Ibidem, p.6: “O artista criador é – do ponto de vista psicológico – o continuador do herói tal como foi ideado na humanidade pré-histórica”. [Trad. RP]

11 Cf. minha tese O jogo de duplos na poesia de Sá-Carneiro. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1998.

12RANK, op. cit., p.25: “Retoma a função social do herói antigo que lhe oferece sempre o motivo e o modelo”. [Trad. RP]

13 Sören Kierkegaard (1813-1855) e Fernando Pessoa (1888-1934).

14 BAUDELAIRE, Charles. As flores do Mal. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1985, p.423-6.

15 MESSADIÉ, Gerald. História Geral do Diabo: Da Antigüidade à época contemporânea. Mem Martins: Publicações Europa-América, 2001.