Colaboradores

Mestres

No âmbito geral da literatura cearense, um nome dos mais importantes vem a ser o de José Alcides Pinto, autor da Trilogia da Maldição, que se compõe de três importantes romances: João Pinto de Maria, O Dragão e Os verdes abutres da colina, todas narrativas motivadas pelo sobrenatural, em suas mais diversas e intrigantes categorias ( Maravilhoso, Fantástico, Estranho, Absurdo etc. ).
Sustentando a alcunha de “maldito “, José Alcides Pinto evoluiu naturalmente da poesia ( fundador do Concretismo no Ceará, juntamente com Horácio Dídimo ) para o conto, solidificando a sua obra em volumes como O criador de demônios (1967 ); Entre o sexo, a loucura e a morte (1968) que lhe encaminhavam para uma, inegável, maturidade literária. Conseqüentemente, sua narrativa é reflexo não apenas da visão satanista do mundo, mas da própria predestinação do artista que, segundo ele mesmo, já nasce para ser maldito. “Sou da maldição. Já nasci com esse estigma dentro de mim. “
Enquadrado, às vezes, da mesma forma que José J. Veiga, como adepto do Realismo Mágico, José Alcides Pinto é muito mais que isso. poeta, prosador e místico, José Alcides Pinto é um polígrafo do mais conceituados. Dono de uma fortuna crítica significativa, há quem lhe atribua relações não apenas com o movimento surrealista, em seu delírio alucinatório, mas até com o teatro da crueldade de Antoin Artaud e com o grupo iconoclasta dos franceses e Roger Callois.
Há momentos em que trabalha nitidamente as linhas do Absurdo, numa fragmentação artística do cotidiano, a exemplo de Murilo Rubião, podendo ser encontrados em suas obras traços importantíssimos do gênero fantástico, procedimento que confirma a sua característica de multifacetado, com uma obra tão eclética que inclui poesia, conto, romance, crítica e teatro.
Decano do Fantástico no Ceará, nasceu em 1923, no município de Santana do Acaraú, na localidade de São Francisco do Estreito. Ainda jovem foi estudar no Rio de Janeiro formando-se em Jornalismo e Biblioteconomia. Sua estréia na literatura cearense foi em 1950 ao participar da famosa “Antologia dos poetas da nova geração”. Daí por diante, fez poesias, romances, novelas, teatro, críticas e ensaios sobre literatura. Foi mesmo um dos fundadores do “concretismo” cearense na companhia de Antônio Girão Barroso, Horácio Dídimo e Zenon Barreto. Autor de personalidade conturbada (talvez por isso, a alcunha de “maldito”) há sempre em seus textos um misto de desordem e subversão. Obras: O editor de insônia; Os catadores de siri; Acaraú: biografia de um rio; O tempo dos mortos (trilogia); Trilogia da Maldição ( João Pinto de Maria:biografia de um louco / O Dragão / Os verdes abutres da colina ); O criador de demônios; Entre o sexo, a loucura e a morte; A divina relação do corpo; As Tágides dentre outros

José Maria Moreira Campos ( 06/01/1914) nasceu em Senador Pompeu-Ce, mas viveu sua infância e parte da adolescência em Lavras da Mangabeira, após residir a família em cidades da Paraíba( Cajazeiras e Sousa ) particularmente na histórica fazenda Acauã, onde esteve refugiado o Frei Caneca. Sempre foi muito estudioso, mesmo sem recursos. Quando mudou definitivamente para Fortaleza, em 1930, matriculou-se no Liceu do Ceará. O pai morreu neste mesmo ano e a mãe no ano seguinte.. Interrompeu os estudos por seis anos. Depois, retomou-os e ingressou na antiga Faculdade de Direito, bacharelando-se em 1946. Para ser professor, fez vestibular para a Faculdade Católica de Filosofia do Ceará ( embrião da UFC ) , licenciando-se em Letras Neolatinas em 1967. Ensinou nos colégio Fênix Caixeiral e Pe. Champagnat. Ingressou no Funcionalismo Público. Tornou-se professor renomado da UFC, mais propriamente do Curso de Letras, onde ocupou cargos de chefia de departamento e obteve indicações para reitor. Participou da fundação do Grupo Clã com os amigos Antônio Girão Barroso e Arthur E. Benevides. Ministrou cursos na Alemanha sobre Guimarães Rosa e Machado de Assis. Membro da Academia Cearense de Letras e da Academia de Língua Portuguesa. Faleceu em Fortaleza, no dia 07 de maio de 1994. Quanto à obra de Moreira Campos, o que se pode dizer é que se apresenta marcada principalmente por um forte apelo social, demonstrando uma surpreendente rigidez técnica que se reforça pelo poder inventivo do artista que, numa tendência universalizante vale-se de um discurso psicológico próprio de autores como Machado de Assis e Graciliano Ramos, aos quais iguala-se na opinião da maioria dos críticos. Ainda que não predomine em toda a sua obra, sendo o primeiro volume de contos Vidas Marginais ( 1949), e o último, Dizem que os cães vêem coisas ( 1987 ), o texto de caráter sobrenatural também pode ser observado no conjunto das narrativas de Moreira Campos, que mesmo apresentando-se como um escritor de tendência urbana, também recorre ao sertão para desenvolver algumas de sua temáticas. Mesmo não sendo uma grande referência do conto fantástico em nosso estado, Moreira Campos, em “A Sepultura” e “Dizem que os cães vêem coisas”, por exemplo, trabalha as linhas do insólito demonstrando grande talento para a escrita de textos que tratam do sobrenatural, principalmente o sobrenatural aterrador, mais especificamente falando de “A Sepultura” 104, publicado em 1978, no volume Os doze parafusos. Outro conto, porém, surgiria para fazer com que Moreira Campos passasse a integrar a narrativa sobrenatural do Ceará. Estamos falando do conto “Dizem que os cães vêem coisas “, publicado em 1987, que apresenta, além das características particulares do autor e do momento no qual está inserido no contexto da literatura cearense e brasileira, uma situação insólita, sobre a qual passamos a discutir. Em “Dizem que os cães vêem coisas”, o que temos é a narração de um almoço à americana, ao ar livre, em que uma família se diverte, juntamente com os amigos. O narrador, sempre muito crítico, vai apresentando as personagens, e desde as primeiras linhas do conto valoriza a chegada de uma estranha visitante, denominada apenas de Ela. No entanto, depois de lermos a apreciação de críticos como o prof. Linhares Filho, autor do ensaio “O Fantástico em Moreira Campos ( 1988 ), devemos entender que narrativas como esta, além de “Anjo” e “Uma história estranha”, analisados pelo professor, certas narrativas moreirianas devem ser enquadradas no Sobrenatural, principalmente pela temática que encerram, pois a Morte, em si, já é um Evento fantástico, quando pensamos que representa travessia… Além disso, expressões ambíguas como “um pressentimento apenas? “ e o uso distanciador do pronome “Ela “ podem compensar até mesmo a falta da ambientação propícia utilizada pelo fantástico de linha tradicional, pois a iminência de um fantástico renovado nos leva a compreender que o medo e o estranhamento independem da noite e de espaços terrificantes, levando-nos a aceitar que “O diabo e a morte podem aparecer ao meio-dia “. Sua ficção, no aspecto temático, é caracterizada pela fixação de tipos e situações. A Morte é um de seus temas diletos. Leia-se O puxador de terço e Dizem que os cães vêem coisas. Mas há outras temáticas e situações como: o malandro que ludibria a moça bobinha, o homem traído que se acomoda com a vida imposta pela adúltera, o velho na iminente chegada da morte etc. Sua narrativa descreve mormente o drama existencial de burgueses ou de humildes, os anormais, a falsa moralidade, a contemplação da miséria e dos defeitos físicos dos outros indo a um naturalismo patético e quase indigesto como a própria realidade. Contrapondo-se a esse naturalismo seco, Moreira Campos é um dos nossos melhores impressionistas, na linha sutil e precisa de um Raul Pompéia. Basta que leiamos contos como O Banho quando a celebração da vida se dá num tanque de um cemitério. Obras: Os doze parafusos; A grande mosca no copo de leite( 1985); Dizem que os cães vêem coisas (1993).Vidas Marginais, 1949; Portas Fechadas, 1957; As Vozes do Morto, 1963; O Puxador de Terço, 1969; Contos Escolhidos,1971; Os Doze Parafusos,1978; Poesia: Momentos, 1976

Maria Natércia Campos nasceu em Fortaleza, a 30 de setembro de 1938, e sempre teve como ídolo e mestre seu pai Moreira Campos, um dos maiores contistas brasileiros, autor de Dizem que os cães vêem coisas. Sem negar-lhe a influência a autora seguiu na prosa a trilha iluminada do pai. Seu primeiro conto publicado foi A Escada um dos mais famosos, o que fez com que partisse para o seu primeiro livro. Depois, graças ao Prêmio Nestlé de Literatura, o Brasil e o Ceará, principalmente, passaram a conhecer a arte literária de Natércia Campos. Agraciada com o primeiro lugar na categoria conto, Natércia, com o livro, Iluminuras, apenas confirmava aquela velha máxima: “Filho de peixe, peixinho é “. Trabalhou durante muitos anos na Secult, colaborando com o desenvolvimento de nossa cultura. Doente há alguns anos, mas dotada de uma fortaleza extraordinária, faleceu em 2004, deixando uma obra curta, mas tão significativa quanto a sua estada entre nós. Estreando com o livro Iluminuras ( 1988 ), Natércia Campos nos brindará com um conto inédito em livro, “A Escada”, com o qual venceu um concurso literário em São Paulo. Com o mesmo estilo introspectivo do pai, a autora apresenta a história de uma jovem que se vê dentro de casa perseguida por uma estranha presença, uma mulher, que em momento nenhum se dá a conhecer, mas que é percebida pela personagem. Ao final, inexplicavelmente, a jovem é empurrada do alto da escada e morre tragicamente. “Já chegava ao topo da escadaria, quando uma lassidão foi envolvendo todo seu corpo, que não lhe obedecia. Os passos aproximavam-se num ritmo crescente. Foi no impulso de alçar os braços para se livrar deste torpor que se sentiu alcançada e um leve empurrão, como um sopro de brisa, projetou-a no imenso vazio.(…) Lá fora os cães uivavam cabisbaixos e em círculos.” Impossível é não notar influência do pai nos textos de Natércia Campos, principalmente neste, quando temos de modo semelhante ao que acontece em “Dizem que os cães vêem coisas “, a presença dos cachorros que também parecem pressentir o que acontece com as personagens. Isso para não retomarmos a discussão sobre as diversas temáticas do fantástico onde as “premonições” podem ser inseridas. Conto: Iluminuras (1998). Romances: A casa; A noite das fogueiras. Narrativa de viagens: Por terra de Camões e Cervantes, Caminho das águas. Crônica: Vôos (inédito).

Nasceu em Baturité, Ceará, em 30 de janeiro de 1945. Ingressou na faculdade de Direito da Universidade federal do ceará em 1970. Criou, em 1976, com outros escritores, a revista O Saco. Mudou-se para Brasília em 1977, tendo trabalhado na Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal e Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Voltou para Fortaleza em 2002. Ganhou vários concursos literários estaduais e nacionais com destaque para o Concurso Brasília de Literatura, o Prêmio Graciliano Ramos e o Prêmio Literário Cidade de Fortaleza. Tem contos e poemas publicados em esperanto, italiano, espanhol e francês. Seu romance O cabra que virou bode foi transformado em vídeo, em 1993, pelo cineasta Clébio Ribeiro. Pródigo a não poder mais, os contos esvoaçam na mesa de Nilto Maciel, em idéias que pulsam em sua cabeça e escorrem pelas pontas dos dedos. É um dos grandes contistas do Ceará. Em um de seus últimos trabalhos ( A leste da morte) imprimiu a marca indelével de sue talento, o conto O perdão no qual dá continuação a um dos textos mais brilhantes de Moreira Campos, Os anões. Nenhum escritor sem talento seria capaz de executar com tanta presteza tal empreitada. O homem é bom! Contos: Itinerário; Tempos de mula preta; A guerra da donzela; As insolentes patas do cão; Pescoço de girafa na poeira; Babel; A leste da morte. Poemas: Navegador; Romance: Estaca Zero; Os guerreiros de Monte-mor; O cabra que virou bode; Os varões de Palma; A Rosa Gótica; A última noite de Helena; Os luzeiros do mundo. Crítica: Panorama do conto cearense.

Carlos Emílio Correia Lima é, indiscutivelmente, outro representante do gênero no Ceará uma vez que seu nome figura, atualmente, em uma vultosa antologia de contistas categorizados como autores de textos fantásticos, ao lado de grandes nomes como Machado de Assis ( As academias de Sião ), Aluísio Azevedo ( Demônios ), Murilo Rubião ( Teleco, o coelhinho ) dentre outros já abordados por nós. Um dos melhores representantes do sobrenatural no Ceará, reconhecido nacionalmente, Carlos Emílio é dono de uma poética multifacetada onde podemos vislumbrar traços medievalescos na mesma proporção em que se observam elementos demarcadores de uma influência da science fiction norte-americana. Com preferência por títulos longos, nos moldes das histórias de bom proveito do século XIII, Carlos Emílio, em nossa opinião, é um autor que talvez nunca seja compreendido em sua plenitude, sendo o seu “delírio literário” reflexo dos delírios da própria humanidade. “Luviborix”, da coletânea Páginas de Sombra,de Bráulio Tavares, é um conto que trata de uma situação mais própria do Absurdo. O que temos é um monstro gigantesco e aterrador que, trancafiado em um grande buraco alimenta-se constantemente de catedrais, obeliscos e outros pontos turísticos do mundo, numa ânsia de destruição fora do comum, demonstrada através de uma fome de concreto e ferro. É um texto extraordinário, intrigante e nauseante, típico daquilo que escreve. Em verdade, este é um conto emblemático que acaba representando o próprio fazer poético de Carlos Emílio, o monstro escondido no fundo do poço tem muito a ver com o modo de ser e de escrever desse importante autor da literatura cearense. É o homem da agressividade, da palavra dita na hora em que se faz exigida. Seu caráter iconoclasta é o aditivo que lhe corre nas veias. Como um Rabelais deslocado no tempo, Carlos Emílio é Pantagruel de si mesmo e o Gargântua necessário da literatura cearense. É como sugerimos, uma “poética do Luviborix”, da iconoclastia, da destruição e da invenção, ao mesmo tempo. Obras: OFOS, A cachoeira das eras.

Natural de Acaraú, Ce, 1964, Dimas Carvalho fez sua estréia no gênero conto em 1993, com Itinerário do Reino da Barra. Em 2000 deu a lume Histórias de Zoologia Humana e, em 2003, Fábulas Perversas (VI Prêmio Ideal Clube de Literarura, 2003). Revelado ao cenário do conto cearense com a publicação de Histórias de Zoologia Humana ( 2002 ), a prosa de Dimas Carvalho pode ser inserida nesse mesmo rol de autores que se dedicam ao sobrenatural enquanto motivo literário, mesmo que ainda busque maturidade, tanto na forma quanto no conteúdo de seus contos, que, às vezes, oscilam entre o Estranho, o Fantástico e o Absurdo propriamente dito, pois lhe é inegável a influência de Franz Kafka e Murilo Rubião. No conto “História de avô “, narração típica do anedotário popular, o que temos é o terrificante proposto a partir de um simples ato de pescaria, quando a personagem, um velho senhor, vai para uma pescaria e fica absorto na imensidão da lagoa até o momento em que surge-lhe, vindo não se sabe de onde, a figura de uma mulher, toda de branco, de olhos fundos, que lhe pergunta “Onde está? “. O velho responde por três vezes “ procure que vosmecê acha “, até o momento em que a mulher lhe aparece com uma criança morta nos braços. Ele entende o seu pedido e, enchendo a mão de água, batiza a criança “em nome do Padre, do Filho e do Espirito Santo “. O conto encerra com uma chuva torrencial. Marcado principalmente por uma tendência ao Absurdo, comprovada por textos como “Em memória de K “e “As tartarugas “, Dimas Carvalho é uma amálgama de sobrenaturalidade, ou seja, as grandes referências do fantástico mundial estão presentes em sua obra, principalmente em contos como “Do lado de lá “ , sobre a típica situação de “fronteira “, mais um tópico da alteridade levistraussiana, tão forte em Júlio Cortázar e José J. Veiga, por exemplo. A obra de Dimas Carvalho tem sido objeto de análise de diversos críticos de todo o Brasil, como Miguel Sanches Neto, Ronaldo Cagiano, Ítalo Gurgel, Vicente Jr., Batista de Lima, Jorge Pieiro, Inocêncio de Melo Filho. Obras: Histórias de zoologia humana; Fábulas Perversas; Pequenas Narrativas. Poesia: Frauta arruda, agreste avena.

Adepto da literatura de teor sobrenatural, um de nossos representantes na contemporaneidade (estudado em nossa dissertação de mestrado Aspectos do Fantástico na Literatura Cearense, UFC,2002), Pedro Rodrigues Salgueiro é um dos contistas de que se vale a pena falar em nosso estado. Desde o momento que se valeu de Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marques, para escrever O peso do morto já se podia falar que era um bom contista, pois escolheu logo uma das melhores influências em termos de prosa e principalmente em termos de sobrenatural. Leitor e ouvinte das conversas de Moreira Campos ( terceiro melhor contista do Brasil, pois Machado e Clarice são inegáveis ): a homenagem Rasga Mortalha (PS), dialogando com As Corujas (MC) era só mais uma rubrica na sua premiada trajetória. Em seguida, ao valer-se do sobrenatural, das coisas vindas da cultura popular, à moda Câmara Cascudo, foi mais feliz ainda. Pedro Salgueiro estilisticamente é um prosador imagético, pois tenta incutir na cabeça do leitor, imediatamente, o plano onde se passa a história. Assim, sua influência cinematográfica, principalmente hithicoquiana, também é observada em textos como Olho de cão, Pânico e Rosa encarnada. Sóbrio na linguagem, talvez não muito econômico, ou econômico demais, à moda Júlio Cortazar, ( Soluço antigo), prova que tem domínio das palavras explorando-lhes bem o potencial, como sugeriu o grande Valery. Trabalhando principalmente a Dor, elemento sumamente humano, Pedro Salgueiro elege grandes temas para o seu psicologismo ou suas temáticas sobrenaturais: a velhice, a morte, o remorso e a vingança. Logicamente, encontramos outros temas como a Loucura, as aparições, os eventos misteriosos e os até amores mal resolvidos, mas todos acabam se relacionando com o denso mundo sobrenatural, seja através do fantástico ou do estranho. Em suma, um dos melhores contistas da atualidade cearense. Obras: O peso do morto; O espantalho; Brincar com armas e Dos valores do inimigo.

Paulo de Tarso Pardal é músico, professor, contista e ensaísta. Mestre em Literatura Brasileira pela UFC,escreve e ensina. É dono de larga experiência no ensino superior passando por universidades como a UFC, a UECE e a UVA. Um de seus textos mais conhecidos é o primoroso ensaio sobre O espaço alucinante de José Alcides Pinto, na verdade, síntese de sua dissertação de Mestrado. Iniciando sua brilhante trajetória com o texto Difícil enganar os deuses, digno de elogio por parte dos maiores prosadores cearenses, Paulo de Tarso Pardal é um autor versátil. Seu último livro de contos, Do Pitoco, apesar de insistir na brevidade exagerada do conto nos tempos contemporâneos, apresenta flagrantes interessantíssimos da vida e da complexidade misteriosa do homem. Marcado principalmente pela urbanidade, de violência constante nas casas fora delas, o que temos é a vileza e o agonismo humano refletido no assalto na porta do condomínio, o sexo ocasional com a empregada ou o pretenso desejo do tio pela sobrinha de poucos anos de idade. A criatividade dos títulos também expressa o talento desse exímio prosador, talentoso mesmo, porque se assim não o fosse, o mestre Moreira Campos não o teria mandado seguir em frente ao dizer um dia “ Você escreve muito bem. Prossiga”. Conto: Margem Oculta; Difícil enganar os deuses; Do Pitoco. Crítica: O espaço alucinante de José Alcides Pinto; Pensaios; Discurso do imaginário. Poesia: Sonetos. Partituras: Pirralho.

Mestre em Literatura Brasileira e atualmente no doutorado em Lingüística da UFC, Tércia Montenegro é essencialmente contista. Ganhadora de vários concursos literários, é um dos nomes mais promissores da última safra de prosadores que tiveram como mestre o genial Moreira Campos. Seu último livro, O vendedor de Judas, revela, além do domínio singular das palavras, à José Lemos Monteiro, um potencial para o psicologismo cortante na linha de Ibsen e Tolstoi. Obras: O vendedor de Judas.

Escrevendo principalmente sobre a temática que mais cresce na atualidade, a science-fiction, mesmo que nem ele soubesse disso, Ricardo Kelmer é seguramente, apesar da pouca divulgação, o maior nome do gênero em nosso estado, principalmente porque, além de fundamentar sua obra nas malhas da alteridade levistroussiana, ambienta muitos de seus textos na Praia de Iracema, lugar onde cresceu, em Fortaleza. Autor de vários livros, sempre tendendo ao onírico, ao esoterismo e ao transcendentalismo, interessa-nos nesse momento o volume de contos Guia prático de sobrevivência para o final dos tempos ( 1997 ), onde podemos encontrar textos como “O cilindro da luz azul “, “Há algo de podre no 202 “e “ O presente de Mariana”, sendo o primeiro um bom exemplo de ficção científica, recheado por uma aura de mistério, e os últimos, verdadeiras inovações sob o ponto de vista da sobrenaturalidade. Muito embora o conto O presente de Mariana soe como uma intrigante releitura do clássico O Diabo apaixonado de Jackes Cazotte, de 1772.

Para começo e fim de conversa, temos um prosador de mão cheia e principalmente um grande conhecedor de literatura no sentido mais amplo da palavra. Livros como Literatura sem fronteiras; Seca, estação do inferno dão mostras do exímio ensaísta que é Teoberto Landim. Ocupado entre dar aulas na graduação e orientar trabalhos na Pós-graduação, podemos dizer que o estudo do gênero fantástico ganhou mais força com sua importante atuação nas letras do Ceará. Cana Brava, adeus, um de seus melhores contos não pertence estritamente ao Fantástico, mas dialoga com uma de suas mais intrigantes facetas: o humor. Um dos maiores incentivadores do Fantástico no Ceará, Teoberto Landim é professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal do Ceará, membro da Academia Cearense de Letras. Escreveu, dentre outros textos, Conversa Fiada; Trocando em miúdos; Busca; Literatura sem fronteiras; Seca, estação do inferno; Colheita tropical; A próxima estação.

Dispensando apresentações demoradas, Rafael Sânzio de Azevedo é o emérito historiador da literatura cearense. Doutor em Letras pela UFRJ, tem seu valor reconhecido pelos grandes intelectuais brasileiros, nomes importantes como Rachel de Queiroz, Gilberto Mendonça Telles e Afrânio Coutinho. Colaborador especial da Enciclopédia de Literatura Brasileira. Crítico e poeta nas horas de folga, é grande apreciador de causos, ouvidor-mor de histórias sobrenaturais e apaixonado confesso pelo termo visage, que, de fato, empobrece ao ser aportuguesado. Perscrutador e amante da literatura cearense, é um dos grandes incentivadores de nossos estudos sobre o Fantástico. Seu conto A Capa de chuva, inserido em nossa pequena coletânea, apenas comprova seu domínio considerável também na área da ficção, pois muito nos lembra um Balzac em textos fantásticos como As tumulares, por exemplo. Poesia: Cantos da longa ausência; Canto efêmero; Cantos da antevéspera. Crítica: A terra antes do homem; A Literatura Cearense; Aspectos da literatura cearense; Dez ensaios de literatura cearense; Novos ensaios de literatura cearense; Apolo versus Dionisos; A Padaria Espiritual e o Simbolismo no Ceará; O Modernismo na Poesia Cearense; Para uma teoria do verso; Adolfo Caminha: vida e obra; Joaquim de Sousa, o Byron da canalha; Cruz e Sousa e a teoria do verso; O Parnasianismo na Poesia Brasileira. Ficção: A capa de chuva e Ismênia, além de outros ainda inéditos.

Francisco Roberto Silveira de Pontes Medeiros é Bacharel em Direito, Doutor em Literatura Portuguesa, mestre em Literatura Brasileira. É professor da Universidade Federal do Ceará e criador da Teoria da Residualidade na Literatura. Participou do Grupo SIN com os amigos Pedro Lyra e Horácio Dídimo. Uma das personalidades mais atuantes de nossas letras, legítimo defensor da literatura e da cultura popular brasileira. Integra a ABREM ( Associação Brasileira de Estudos Medievais) Com sua esposa, a Profa. Dra. Elizabeth Dias Martins, desenvolve pesquisa sobre cultura popular, memória e medievalismo. Poeta, crítico e ensaísta, também é estudioso da Sétima Arte. Poesia: Contracanto; Lições de espaço; Temporal; Quatro poemas de natal; Memória corporal; Quatro poemas de amor além de vários ensaios de literatura brasileira e portuguesa, como O Mefisto em Eça de Queirós e O diabo na literatura, estudo que nos enviou como colaboração.

Um dos grandes nomes da poesia cearense e, acima de tudo, um dos nossos maiores incentivadores. Seus textos, principalmente os poemas, trabalham o maravilhoso, cristão ou pagão, e por isso figura entre nossos colaboradores. Adepto de uma poesia pastoral, em textos que falam do amor de Deus, da importância do Cristo e de todas as coisas mágicas que estão sempre ao nosso redor, lembra o apostolar André Gidé. Grande professor e teórico de Literatura Infantil, transformou-se em estudioso e seguidor de Monteiro Lobato, que é, seguramente, o maior nome do Maravilhoso em terras brasileiras.

Professor de Literatura Portuguesa da UFC; Doutor em Literatura Portuguesa, Linhares Filho é também um dos primeiros estudiosos do Fantástico no Ceará ao publicar um ensaio sobre O Fantástico em Moreira Campos destacando contos como Dizem que os cães vêem coisas e O dia de Santa Genoveva. Poeta em essência, estudioso dedicado da obra de Miguel Torga, Linhares Filho escreveu os seguintes livros de Poesia: Sumos do tempo; Voz das coisas; Frutos da noite de trégua; Tempo de colheita; Andanças e Marinhagens; Rebuscas e Reencontros; Itinerário. Crítica: A metáfora do mar no Dom casmurro; A outra cosia na poesia de Fernando pessoa; Ironia, Humor e Latência nas Memórias Póstumas; O poético como humanização em Miguel Torga; A modernidade da poesia de Fernando Pessoa; O amor e outros aspectos em Drummond.

Pesquisadores

Vicente Jr nasceu em Fortaleza, entre o cemitério São João Batista e o IML. É professor de Literatura e apaixonado por textos sobrenaturais. Estuda cinema, música e símbolos. Escreve contos fantásticos e poemas avulsos. Em 2001, mudou-se para Sobral onde passou a ser professor de Literatura. Há vinte anos pesquisa e coleta lendas urbanas e narrativas da tradição oral para a composição do CD VISAGEM – histórias assombradas ou fantásticas do Ceará. Seus autores preferidos são: Hoffman, Borges, Cortázar, Lovecraft, Allan Poe, Fernando Pessoa, Augusto dos Anjos e Machado de Assis. No cinema: Tarantinno, Alan Parker e Tim Burton. Produção: Crítica: A Semântica das cores na Literatura Fantástica; Conto: O quarto das azaléias; 1968; Dream Machine. Poema: O livro dos livros; Oralidade: Visagem. Teatro: A morte e a alta costura. Cor. Verde.

Formado em Letras pela Universität zu Köln (Universidade de Colônia / Alemanha), nas áreas Língua Portuguesa, Inglesa e Alemã, e suas respectivas Literaturas. Estuda Os contos fantásticos de José J. Veiga (levando em conta particularmente a perspectiva da criança). É doutor e pesquisador de literatura fantástica. Desde 2000 é professor das Literaturas de Língua Inglesa na Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) em Sobral – CE.

Email: mgemes@hotmail.com

Domenico Sávio Rocha Cavalcante é artista plástico renomado. É professor de Literatura Cearense na Universidade Estadual vale do Acaraú ( UVA) e tem paixão por gatos. Escreveu o livro Gatos amigos pra cachorro. Cor: Azul. Categoria: Vampiro.

Email: profdomrocha@hotmail.com

Danielle Bezerra (Dani) nasceu no distrito de Jaibaras, na cidade de Sobral, em um terreno de encruzilhadas na pequena rua Tupi. É graduanda do curso de Letras com habilitação em Língua Portuguesa, da Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA. Estuda Residualidades fantásticas e medievais em obras literárias brasileiras. Escreve contos fantásticos e coleta histórias orais, transformando-as em contos. Seus autores preferidos são: Guy de Maupassant, Machado de Assis, Ciro Flamarion, Raul Pompeia, Rachel de Queiroz e Guimarães Rosa. Conto: Sombras. Categoria: Vampira. Cor. Branco.

Amanda Araújo nasceu em Fortaleza, é estudante do curso de Letras/ habilitação em Língua Portuguesa, tendo como grande paixão literária textos sobre vampiros, assim como romances em geral. Estuda literatura infantil, fantástica e latim. Escreve crônicas e poesias românticas. Realiza pesquisas acerca de autores como Mario Quintana, Jane Austen e Anne Rice. Tem como autores favoritos: William Shakespeare, Jane Austen, Anne Rice, Mário Quintana, Eça de Queiroz, entre outros. No cinema Francis Ford Coppola, Tim Burton, Alfred Hitchcock. Produção: Crônicas: A madrugada (Breus depoimentos de Navegantes). Poesias: Noturnas; Poesias discretas (Coleção de poesias). Categoria: Vampira.

Email: mandynha.ribeiro@live.com

Desferrolhada, indecente, acadêmica de Letras na Universidade Estadual do Vale do Acaraú na flor da idade, vagamente no mundo mas fixada atualmente em Sobral/CE. Estuda literatura, educação, sociedade e politica. Fã de Guns n’ Roses, curiosa no mundo sobrenatural, ama filmes de terror e reflete sobre a origem no medo. Apaixonada por romances policiais. Pisciana, ascendente em Gêmeos e lua em Libra, ou seja, um ser em constante indecisão, atualmente tem como autores preferidos: Valter Hugo Mãe, Mia Couto, Sidney Sheldon, Agatha Christie. Categoria: Bruxa. Cor. Vermelho.

Email: veronik.andrade.b@gmail.com

Antonia Yara Oliveira de Carvalho nasceu em Senador Sá, em um pequeno distrito chamado Serrota, a beira do Açude Tucunduba. Estuda Letras Português na Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA e faz análises de contos sobrenaturais brasileiros sempre que pode. Escreve poemas concretos, crônicas e as vezes passeia pelos contos fantásticos. Gosta de ler as versões mais tristes dos contos de fadas, principalmente Andersen, autores de crônicas como L. F. Veríssimo e Nilma Lacerda, além de ser apaixonada pelos contos de Oscar Wilde e Rudyard Kipling. Ama Fernando Pessoa e todos os seus eus. Cor: Parda. Categoria: Fada.

Email: yaraoliveira2312@gmail.com

Raquel Carneiro (Quel) Braga nasceu no município de Irauçuba/Ce, onde reside atualmente também. Tem vinte e dois anos. Cursa Letras – Português. É apaixonada pelo universo da literatura. Seus autores principais são: Eça de Queirós, Clarice Lispector, Ariano Suassuna e Fernando Pessoa. Seu livro favorito é Cem anos de solidão, de Gabriel Garcia Marquez. Cor: Preto.

Email: carbraga13@gmail.com

Francisca do Nascimento Vieira (Fran) nasceu na cidade de Meruoca, é estudante do curso de Letras Habilitação em Língua Portuguesa. Tem por gosto literário o fantástico, literatura infantil, Cearense assim como outros estilos literários. Estuda literatura cearense e literatura fantástica. Escreve contos. Seus autores favoritos são Hans Cristian Andersen, Jorge Amado e Jane Austen. Adora a cinematografia voltada para o fantástico, terror e suspense. Cor: Preto. Categoria: Lobisomem.

Email: vieiraf797@gmail.com

Maria Alany da Silva Duarte (Lanny) nasceu em Sobral, é estudante do curso de Letras/ habilitação em Língua Inglesa, tendo como enfoque temas como o sobrenatural, e mitologia. Estuda literatura inglesa, e fantástica. Realiza pesquisas acerca de autores como Edgar Allan Poe. Escreve poesias relacionadas ao feminino e ao obscuro. Tem como autores favoritos: Ira Levin, Anne Rice, Stephen King, entre outros. No cinema Roman Polanski, Joseph Stefano, Tim Burton, David Yates, entre outros. Categoria: fada. Cor. Preto.

A agregada do curso de Letras, acadêmica de Direito na Universidade Estadual Vale do Acaraú, não pode ver livros que já tá comprando, compulsão seu nome do meio. Estuda educação, feminismo, política, literatura e tem fascinação pelo fantástico, pelo gótico, pelo estranho, pelo dark. Fã de Evanescence e Epica. Atualmente tentando colocar as leituras e estudos em dia pra poder dizer se gosta de algum autor mais que outro. Criando conteúdo no canal do YouTube Falu Meixmo e no seu instagram: @aureasnows tentando democratizar o acesso público à educação. Divulgadora e incentivadora do Grelf. Categoria: FADA. Cor

Outros nomes: Hugo Martins, Matheus Gomes, Gislane Lucas, Francisca Jociane, Mayra de Vasconcelos, Maria Rodrigues, Alany e Aurea Beatriz. Pesquisadores – UFC