O caixão phantástico

O caixão phantástico:

 Célere ia o caixão, e, nele, inclusas,
Cinzas, caixas craneanas, cartilagens
Oriundas, como os sonhos dos selvagens,
De aberratórias abstracções abstrusas!

Nesse caixão iam talvez as Musas
Talvez meu pae! Hoffmannicas visagens
Enchiam meu encéphalo de imagens
As mais contraditórias e confusas!

A energia monistica do Mundo,
A meia noite, penetrava fundo
No meu phenomenal cérebro cheio...

Era tarde! Fazia muito frio.
Na rua apenas o caixão sombrio
Ia continuando o seu passeio.

Augusto dos Anjos