As horas e o gótico em Edgard Allan Poe

RESUMO

O presente trabalho tem por finalidade analisar elementos importantes para a ambientação do texto sobrenatural, no caso a marcação do Tempo, recurso amplamente utilizado por escritores do gênero, por exemplo, a hora da meia-noite e sua relação anunciativa dos acontecimentos como forma implícita de anunciar ou prever eventos de cunho sobrenatural. Tem-se como objeto textos de Edgar Allan Poe, retirados em sua maioria do livro Contos de Imaginação e Mistério (2012), especificamente: A Máscara da Morte Rubra, Barril de Amontilado, Manuscrito Encontrado Numa Garrafa, Os Fatos do Caso do Senhor Valdemar, O Coração Denunciador, Enterro Prematuro, O Retrato Oval e Berenice. Para o embasamento teórico dessa pesquisa, fez-se uso de pesquisadores do gênero fantástico, tais como Todorov (1975), Selma Calasans Rodrigues (2003), Paula Junior (2011) e Márton Támas Gémes (2022), a fim de compreender esses elementos simbólicos de ambientação das histórias de terror. Dessa forma, observa-se a presença das horas em questão como parte integrante da construção do medo e, especialmente, do clímax narrativo associada a eventos fantasmagóricos, demoníacos, de passagem vida-morte, ou apenas de perigo iminente.

Palavras-chave: Meia-noite; Terror; Allan Poe.

1 INTRODUÇÃO

Na cultura mundial, existe uma profunda expressividade das horas em vários aspectos e conteúdos. Em especial, o horário da meia-noite é item integrante de ambientações misteriosas ou relacionadas à passagem da vida à morte. Amplamente divulgada, essa ideia pode ser vista, por exemplo, na literatura bíblica, em passagens como o anúncio da morte dos primogênitos: “Moisés disse: Assim diz Iahweh: à meia-noite passarei pelo meio do Egito” (Ex 11,4) ou também a Parábola das Dez Virgens: “à meia-noite, ouviu-se um grito: O noivo vem aí! ” (Mt 25,6). Outro exemplo para tal situação é a história de Jan Potocki, intitulada Manuscrito Encontrado em Saragoça (2010, p. 17). Na trama polonesa, inclusive mencionada por Todorov (1975), o conhecimento popular é novamente vislumbrado: “Bateram as doze badaladas e, como se sabe, as almas do outro mundo só têm poder desde a meia-noite até ao cantar do galo” (2010, p. 17). A menção desse horário, portanto, repetido principalmente em narrativas sobre o fim da vida, faz com que haja uma necessidade de explorar a relação das horas com fatos sobrenaturais.

À vista disso, encontra-se tal temática com frequência em histórias fantásticas, exatamente por a morte ser um tema em destaque para esses enredos. Dessa forma, a justificativa desse trabalho se dá pela investigação do papel que os elementos ficcionais adquirem no uso cultural, tendo como objetivos observar os contextos nos quais a meia-noite é citada em contos de terror, bem como demonstrar os contextos sobrenaturais de ocorrência da meia-noite nos escritos de autores de tal gênero, para, por fim, averiguar a possível relação intrínseca desse horário com eventos desconhecidos pela razão humana. Tal assunto possui profunda relevância por ser de interesse tanto dos escritores quanto de leitores amantes dos mistérios do além.

Para tanto, nota-se o valor de selecionar criteriosamente os trabalhos que embasam o estudo em questão. Por isso, as pesquisas de Todorov (1975), Selma Calasans Rodrigues (2003) e Márton Támas Gémes (2022) compõem o referencial teórico dessa pesquisa, visto que explicam as características dos contos fantásticos e a ambientação exigida por essas histórias para criar a atmosfera do medo. As narrativas em que tal fenômeno mais ocorre são ligadas ao Gótico, ao Estranho e ao Fantástico propriamente dito.

Portanto, o presente trabalho visa investigar se de fato a utilização do horário da meia-noite poderia ser um indício para instigar o mistério das narrativas e ter relação com os pontos importantes nas histórias. Destarte, a tentativa de compreender se verdadeiramente tal recurso ocorre e importa nos textos escolhidos é o foco central de tais discussões.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O Gótico, o Estranho e a dúvida do Fantástico

O termo “gótico” se encaixa em contextos diversos, desde a expressão artística das antigas catedrais, na menção ao povo germânico ou à realidade atual da moda, por exemplo. De fato, há uma variabilidade dessa definição, haja vista que se tornou ”um termo guarda-chuva” (BELLAS, 2020, p. 19) que pode apresentar, concomitantemente, inúmeras significações.

Entretanto, com enfoque específico na literatura, algumas características do Gótico são observadas, tais como o terror e o suspense propostos em forma de lugares lúgubres, uma natureza misteriosa e, como afirma Souza e Cavalcante (2014), na presença da morte e em elementos ou expedientes que retomam questões ligadas ao transcendental (apud LIMA e PEREIRA, 2018). Com isso, é possível intuir que não só o lugar dos acontecimentos, mas o momento no qual ocorrem – em narrativas sobrenaturais, preferencialmente à noite – carrega uma simbologia capaz de apresentar o suspense aos leitores de forma sutil, como uma espécie de sugestão para aquilo que é obscuro. Santana (2019) comenta:

A construção da atmosfera é uma das questões que mais pesam para o efeito gótico. Muitas vezes as produções se constituirão por meio de um clima fantasmagórico, de terror e suspense, algumas vezes psicológico, podendo trazer também o sobrenatural. Essa atmosfera sombria é essencial para envolver o leitor e provocar uma certa inquietude, característica central das narrativas góticas (SANTANA, 2019, p 8).

A ambientação é parte integrante no processo de feitura das narrativas. Compreendendo a argumentação de Júlio França, citado por Bellas, no qual afirma que o estilo gótico é definido como “uma forma artística altamente estetizada, convencionalista e simbólica” (2020, p. 20), a relação dos elementos internos das narrações converge para o desenvolvimento de tramas com profunda riqueza de significados.

Há, portanto, o uso daquilo que é concebível à razão humana para tratar de temas que fogem dessa mesma razão. Devido ao fato de que a humanidade experimenta o mundo por meio de saberes reais para compreender o seu entorno, cria-se o suspense com base naquilo que está no campo da razão humana, adicionando itens desconhecidos e que sugerem perigo iminente para gerar o medo. Sob essa perceptiva, Rossi reitera:

O gótico, dessa forma, vem colocar um toque de irracionalidade no nosso mundo tão real, tão organizado, tão lúcido, ao fazer-se surgir da própria realidade que tanto prezamos. Ele nos deixa, portanto, suspensos entre dois universos: o real e o imaginário (ROSSI, 2008, p. 85 apud LIMA e PEREIRA, 2018, p. 55).

Da mesma forma, observa-se o que ocorre no gênero Estranho, estudado em Todorov(1992) que aponta os contos de Edgar Allan Poe como exemplos fidedignos do que chamou de sobrenatural explicado. Paula Jr (2011) analisando a máscara da morte rubra assevera que além do terrificante noturno ou noir, o gótico também está no colorido utilizado no gênero Estranho que, se não explicado ao final, gera a dúvida

O título desse belíssimo texto de Allan Poe indica, em nossa opinião, os caminhos para uma transição no gênero sobrenatural, pois o que mormente era marcado pelo preto (tomemos como exemplo o romance noir), agora adquire novas tonalidades. Coincidentemente, a cor predominante seria justamente aquela que reforçaria as ideias de dor e morte embutidas no preto, por conseguinte, o vermelho que, por sua associação a ideias como sangue, luxúria e morte, denota que há sempre algum critério na utilização de determinadas cores no texto sobrenatural.

Dessa forma, a suspensão entre os dois universos – a dúvida entre o real e o irreal – que é a essência do gênero, é o que define tradicionalmente um conto fantástico (MATIOLA, 2020, p. 31). O estilo gótico, então, passa a reforçar a ambientação. Com isso, Todorov foi o primeiro que buscou delimitar os limites do gênero literário Fantástico e por isso mesmo, apesar de algumas definições por ele feitas não serem plenamente aceitas, a visão do autor é ainda primordial nos estudos literários. Por ele, tem-se a definição de que o Fantástico “é a vacilação experimentada por um ser que não conhece mais que as leis naturais, frente a um acontecimento aparentemente sobrenatural” (1975, p. 16). O questionamento ocorre quando aquele que presencia os acontecimentos – seja ele o leitor ou o próprio narrador-personagem – são confrontados com ocorridos que fogem de uma explicação racional. Todorov, para esses casos, define duas linhas de pensamento como resposta:

Que percebe o acontecimento deve optar por uma das duas soluções possíveis: ou se trata de uma ilusão dos sentidos, de um produto de imaginação, e as leis do mundo seguem sendo o que são, ou o acontecimento se produziu realmente, é parte integrante da realidade, e então esta realidade está regida por leis que desconhecemos. Ou o diabo é uma ilusão, um ser imaginário, ou existe realmente, como outros seres, com a diferença de que rara vez o encontra (TODOROV, 1975, p. 15).

Então, histórias que se classificam fantásticas põem o leitor em reflexão, pois não há certeza se o que foi narrado é obra de uma sequência lógica e explicável de ações ou oriundo de algo inteligível à compreensão racional. Ainda em Todorov, comenta-se:

É necessário que o texto obrigue ao leitor a considerar o mundo dos personagens como um mundo de pessoas reais, e a vacilar entre uma explicação natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos (TODOROV, 1975, p. 19).

Uma narrativa ficcional, portanto, que utilize de elementos reais para apresentar ao leitor situações ambíguas, e que mantenha o leitor em tais questionamentos entre o natural e o sobrenatural, é, nessa rápida definição, classificado como fantástico. Outrossim, faz-se necessário citar que no fantástico, o questionamento perdura até o fim da narrativa. Em outras palavras, se há de fato uma explicação para os acontecimentos, seja essa o fruto de coincidências, delírios ou da ação humana, a classificação do gênero fantástico deixa de existir. Tal ideia é embasada em Gémes (2022), o qual afirma que:

a característica constitutiva do fantástico é agora antes o questionamento do sistema de realidade e da sua validade, portanto, precisamente a incerteza em relação ao sistema de realidade. O fantástico é, pois, aquele tipo de texto, que põe em questão o sistema de realidade sob o qual se apresentou e que não dá solução a este estado até o fim do texto (GÉMES, 2022, P. 62).

Ou seja, a ambientação de acontecimentos sem esclarecimento é imprescindível à construção do mistério, seja usando de “objetos sinistros, barulhos inexplicáveis, corredores sombrios, escadas labirínticas” (VITAL, 1996, p. 7). Percebe-se que o estilo supracitado mescla o factual e o irracional para despertar, por fim, o sentimento desejado nos leitores. O gótico seria, então, um elemento ainda presente em histórias fantásticas, afinal, segundo Rodrigues, o imaginário humano comunitário é constantemente abastecido de elementos ligados ao “outro mundo”, ou melhor, “daquilo mesmo que foge à racionalidade proposta pela inteligência” (RODRIGUES, 2003, p. 98-99).

Ademais, a escolha de temas ligados ao sobrenatural busca instigar nos leitores o medo por aquilo que é desconhecido e, por isso mesmo, temeroso, tanto é que, para Fratucci o gótico “trabalha com o sobrenatural maligno, o horrível, o insano e o demoníaco, categorias que o mundo racional dos iluministas havia pretendido relegar ao esquecimento” (2013, p. 1). Dessa forma, é notável o valor desse estilo para a propagação de realidades por vezes ignoradas, haja vista a importância das horas soturnas tanto para a construção de histórias quanto à formação do universo intelectual da humanidade. Nesse sentido, Alegrette (2010, p. 21-22) ainda comenta:

[…] o bem, para existir, depende do mal, a luz nasce das trevas, a razão surge em meio à irracionalidade. Portanto, o romance gótico é menos uma espécie de celebração de excessos e mais um questionamento dos limites produzidos ao longo dos séculos XVIII e XIX para distinguir a razão da paixão, a virtude do vício, o “eu” do outro, a fantasia, da realidade (apud LIMA e PEREIRA, 2018, p. 57).

Conclui-se, por hora, que o gênero fantástico, o qual possui características do gótico, ainda que para ambienta-lo, conta com elementos variados para os fins que se propõe, sejam esses, a princípio, romper com a alienação ou, mais atuais, encantar, assustar ou abismar os consumidores dessa literatura. Os elementos utilizados para alcançar esses objetivos são dos mais diversos, apesar de, por vezes, estarem no campo do inteligível, já que é feito uso da realidade para sugerir a existência do irreal obscuro.

2.2 A Meia-Noite nos clássicos de Terror

Com efeito, reconhece-se o uso de elementos de ambientação sugestivos para criar um ambiente propício ao medo. Isso leva a intuir que a simbologia das horas é, de fato, também um desses recursos associados ao sobrenatural. Sob essa óptica, vê-se a perspectiva da meia-noite confirmando-se em Drácula (2002), no qual o protagonista se depara com recomendações de cuidado de uma moradora:

— Sabe em que dia estamos?

Respondi que era 4 de maio, mas ela sacudiu a cabeça e retrucou:

— É claro! Sei muito bem, mas sabe que dia é hoje?

Como eu lhe dissesse que não estava compreendendo, ela continuou:

— Hoje é a véspera do dia de São Jorge. Não sabe que hoje, quando o relógio bater meia-noite, todos os espíritos malignos do mundo estarão soltos? (STOKER, 2002, p. 5)

No trecho citado, a relação do horário com efeitos fantasmagóricos vai muito além da relação com vampiros. Nota-se um teor cultural, haja vista que o argumento da mulher está relacionado com um saber popular. Aparentemente, no horário citado, há de alguma forma mais propensão de seres malignos ganharem força e saírem dos seus esconderijos no universo de Drácula como em outras obras de terror. No clássico O chamado de Cthulhu (2015), também é notada a crença da relação demoníaca entre a meia-noite com o submundo:

A região explorada pela polícia tinha fama de ser amaldiçoada, e era em boa parte desconhecida e inexplorada pelos brancos. Havia lendas a respeito de um lago secreto jamais visto por olhos mortais, onde habita uma coisa branca, informe, cheia de pólipos e com olhos luminosos; e em voz baixa os posseiros contavam histórias sobre demônios com asas de morcego que, à meia-noite, saíam de cavernas subterrâneas para adorá-lo (LOVECRAFT, 2015, p. 83).

A coincidência dos horários denota que tal fé, enraizada no imaginário coletivo, é vislumbrada nas histórias macabras de assombrações, monstros ou demônios que preferem agir na escuridão noturna. À meia-noite, abre-se como um portal para que essas criaturas, que fogem à razão, possam coexistir com os seres humanos. Os vampiros, em especial, adquirem suas características sanguinárias preferencialmente quando os ponteiros de alinham, tal como visto no livro Entrevista com um vampiro (2020):

[…] Lestat tinha uma paixão por Shakespeare que me surpreendeu, apesar de frequentemente cochilar nas óperas e só acordar no momento exato de convidar alguma dama adorável para a ceia de meia-noite, onde ele usaria toda sua habilidade para fazê-la apaixonar-se inteiramente por ele e depois despachá-la violentamente para o céu ou para o inferno, voltando para casa com seu anel de brilhantes como presente para Cláudia (RICE, 2020, p. 91).

Dessa forma, a relação observada entre “a ceia da meia-noite” e o assassinato cruento de jovens moças a fim de saciar a sede do vampiro reforça a ideia de que a pontualidade do horário em questão contribui ao acontecimento desses infortúnios. Vê-se o mesmo se suceder na clássica Lenda do cavaleiro sem cabeça (2018):

Ichabod, que não tinha muita confiança naquele estranho companheiro da meia-noite, e pensou na aventura de Brom Bones com o Hessiano Galopante, agora acelerava seu corcel na esperança de deixá-lo para trás. […] Quando a estrada começou a subir, a figura de seu companheiro se destacou contra o céu mais claro: ele era um gigante. Ichabod estava apavorado ao ver que não tinha cabeça, mas seu horror atingiu o pico quando ele percebeu que sua cabeça, que deveria estar descansada em seus ombros, era levada diante dele na beirada de sua sela! (IRVING, 2018, p. 36)

Na trama, a personagem principal, percebendo a preferência daquele estranho por ambientes escuros, nomeia-o de “companheiro da meia-noite” não só pelas horas que foram apresentadas na narrativa, mas também pelo ar de mistério e assombro do tal cavaleiro. Novamente, a referência às horas auxilia na intuição de que aquele cavalheiro não possuía boas intenções.

Além disso, para fins de exemplificação, pode-se mencionar ainda o trecho de King (2010), em Um bom casamento, presente no livro Escuridão total sem estrelas:

Darcy, então, começou a examinar os registros de viagem e comprovantes de despesa de Bob enquanto o relógio na barra de ferramentas passava pelas 11 e começava a seguir em direção à meia-noite, a hora das bruxas, quando alguns dizem que os cemitérios despertam (KING, 2010, p. 285).

É visto que, na atualidade, a suposição de que existiria um momento próprio para assombrações irromperem é algo ainda presente. Afinal, sendo a noite composta por várias horas, a especificidade da meia-noite, em comparação com as narrativas citadas anteriormente, faz inferir que a menção desse horário carrega em si sugestões associadas ao sobrenatural.

Portanto, a frequência desse elemento em históricas de terror leva a crer que não é uma peculiaridade de autores isolados, mas que tais recorrências induzem o leitor ao medo implícito, associando a meia-noite com seres ocultos e misteriosos.

2.3 A Meia-Noite em Poe

Nos textos de Poe em análise, são percebidas também as expressivas e simbólicas relações entre o horário noturno e os maus presságios que esse momento intrinsecamente acarreta. Com isso, pela reflexão de Silva (2012, p. 240 apud SANTANA, 2012, p. 240), infere-se que o medo oriundo da leitura das narrativas de Poe impacta aqueles que se debruçam nas histórias e que tais mensagens transmitidas pelo texto, “sejam elas explícitas ou implícitas, serão gravadas irremediavelmente na memória”. Ou seja, a simbologia dos elementos de ambientação das narrativas será guardada na mente dos leitores e perpetuada na cultura popular ou em demais literaturas do gênero. Todorov (2007, p. 55) afirma:

De uma maneira geral, não se encontram na obra de Poe contos fantásticos, no sentido estrito. […] Suas novelas prendem-se quase todas ao estranho, e algumas, ao maravilhoso. Entretanto, não só pelos temas, como pelas técnicas que elaborou, Poe fica muito próximo dos autores do fantástico. Sabe-se também que Poe deu origem ao romance policial contemporâneo, e esta proximidade não é um produto do acaso (apud BEZERRA, 2008, p. 225).

Então, é nítido que o autor faz uso do artifício das horas para a geração de uma atmosfera de perigo ou morte, aumentando o impacto que suas histórias têm para os leitores. Como explicado também por Cortázar (apud SANTANA, 2019, p. 10): a finalidade das obras de Poe é “submeter o leitor no plano imaginativo e espiritual”, por meio de ambientação, descrições, linguagem, dentre outros recursos. Percebe-se isso, por exemplo, no poema O Corvo, o mais conhecido do escritor:

Numa meia-noite cava, quando, exausto, eu meditava
Nuns estranhos, velhos livros de doutrinas ancestrais
E já quase adormecia, percebi que alguém batia
Num soar que mal se ouvia, leve e lento, em meus portais.
Disse a mim: “É um visitante que ora bate em meus portais –
É só isto, e nada mais (POE, 2000).

No poema, a primeira informação que se tem sobre o que será narrado é o horário no qual os fatos acontecem. Acerca disso, Carvalho (2013, p. 60) argumenta que a meia-noite no poema “representa também os temores sobrenaturais de boa parte da humanidade”, pois se soma aos itens para criar uma aura espectral ao texto. Após a menção do horário, toda a narrativa se inicia, e pode-se afirmar que é o marco inicial para a dúvida acerca da veracidade do que é narrado. O mesmo ocorre em A máscara da morte rubra, pois observa-se a relação das horas com o destino das personagens:

E a folia continuou a rodopiar, até que afinal o relógio começou a soar a meia-noite. E, então a música parou, como já disse; e aquietaram-se as evoluções dos dançarinos; e, como dantes, houve uma perturbadora parada de tudo. Mas agora o carrilhão do relógio teria de bater doze pancadas. […] E por isso talvez aconteceu também que, antes de silenciarem por completo os derradeiros ecos da última pancada, muitos foram os indivíduos, em meio a multidão, que puderam certificar-se da presença de um vulto mascarado que até então não havia chamado a atenção de ninguém, tendo-se espalhado, aos cochichos, a notícia dessa nova presença elevou-se imediatamente dentre a turba um burburinho ou murmúrio que exprimia desaprovação e surpresa a princípio e, terror, horror e náusea (POE, 2012, p. 130).

As doze badaladas do relógio, além de possuírem em si o peso do clímax narrativo – por anunciarem a percepção da presença da Morte no enredo – ainda têm caráter singular na construção do terror, haja vista Caetano afirmar que a meia-noite é simbolicamente “um período de “passagem” (2021, p. 13). Poe faz uso de tal característica de suas histórias e inclui essa ambientação nos textos com o fito de ativar no imaginário coletivo o saber popular da obscuridade mística do horário.

Dessa forma, o mesmo artifício literário será repetido e obras do gênero, e aparentemente com mais frequência ainda nos contos de Allan Poe. A premissa desenvolvida – de que a hora marca a chegada da morte – é encontrada também em O Barril de Amontilado:

Era agora meia-noite, e minha tarefa se aproximava do ϐim. Eu completara a oitava, a nona, a décima ϐiada. Finalizara parte da última e da décima primeira; restava uma única pedra a ser encaixada e assentada. Sofri com seu peso; coloquei-a parcialmente na posição destinada. Mas então brotou do nicho uma risada baixa que me deixou de cabelos em pé. A ela seguiu-se uma voz triste, que tive diϐiculdade em reconhecer como sendo a do nobre Fortunato. A voz disse — “Rá! rá! rá! — rê! rê! — uma piada muito boa de fato — uma excelente pilhéria. Vamos rir à larga sobre isso lá no palazzo — rê! rê! rê! — tomando nosso vinho — rê! rê! rê!” (POE, 2012, p. 123-124).

Na história, o protagonista vinga-se cruelmente de Fortunato, embriagando-o e, depois de prendê-lo a correntes em catacumbas úmidas, deixa-o emparedado para morrer sozinho. O leitor descobre que o horário dos acontecimentos se dá à meia-noite de carnaval, hora que o crime está para ser finalizado é também momento no qual a vítima percebe o que de fato estava acontecendo e que o futuro não seria longo. Na narrativa, pode-se dizer que o horário é mencionado como uma marca da transição entre a embriaguez de Fortunato e a lucidez de um homem praticamente morto, reforçando a associação poeana entre as horas e a morte.

Outrossim, há ainda o conto Manuscrito encontrado numa garrafa, o qual possui o clímax narrativo logo após a meia-noite:

Meu desconforto, entretanto, impediu-me de pegar no sono, e por volta da meia-noite subi para o convés. Ao pisar no último degrau da escada de tombadilho, sobressaltei-me com um zumbido alto como o que é ocasionado pela rápida rotação de uma roda de moinho e, antes que fosse capaz de averiguar seu significado, percebi que o centro do navio vibrava. No instante seguinte, um vasto manto espumante fez a embarcação adernar acentuadamente e, rugindo sobre nós por toda a sua extensão, varreu todos os conveses de proa a popa. (POE, 2012, p. 130-131).

Implicitamente, Poe constrói a tensão com o marco inicial pela indicação do horário do incidente. Para Felipe (2020), destaca-se o fato de que, ao contrário do restante dos tripulantes, “o narrador foi tomado por um ‘pressentimento terrível de catástrofe’, prevendo o advento de um temporal” (p. 181), a fim de sugerir ao leitor a iminência do perigo, seja pela suspeita do narrador-personagem, seja pela menção das horas. No texto, o tempo também sobre uma passagem: da calmaria para o caos, em especialmente para a maior parte da tripulação, para o fundo das águas.

Vislumbra-se, da mesma forma, o conto Os fatos do caso do Sr. Valdemar, o qual narra a história de um senhor que, à beira da morte, permite a utilização de hipnose para prolongar a sua vida – mesmo após o fim dela. O narrador, do qual não se sabe o nome, recebeu a notícia de que o estado do paciente era bastante crítico, sendo possível prever o horário do falecimento: pontualmente à meia-noite. E foi precisamente nesse horário que o processo de mesmerismo iniciou:

Quando completei tudo isso, era meia-noite em ponto, e pedi aos cavalheiros presentes que examinassem as condições do sr. Valdemar. Após alguns experimentos, admitiram que se encontrava em um estado extraordinariamente perfeito de transe mesmérico. A curiosidade dos dois médicos ficou enormemente excitada (POE, 2012, p. 87).

Novamente, a reincidência da meia-noite atrelada a um evento de morte corrobora a ideia de que, unindo o horário à temática de morte-em-vida como defende Santana, “percebemos a amplitude do efeito do terror” (SANTANA, 2019, p. 11). Dessa forma, na narrativa, a morte do Senhor Valdemar possui conotação ainda mais sombria, devido à coincidência das horas obscuras que se deu o óbito e à tentativa de burlar as leis da natureza.

Ademais, outra obra poeana com uma característica semelhante às citadas anteriormente é o conto O coração denunciador. Na trama, a personagem principal descreve a rotina tomada antes do assassinato:

Ora, eis o problema. Imaginais que estou louco. Loucos nada sabem. Mas deveríeis ter me visto. Deveríeis ter visto quão sabiamente procedi — com que cautela — com que precaução — com que dissimulação empenhei-me na tarefa! Nunca fui tão bondoso com o velho quanto na semana toda que antecedeu seu assassinato. E toda noite, perto da meia-noite, eu girava o trinco da porta de seu quarto e a abria — ah, tão suavemente! E depois, após ter aberto uma fresta suficiente para minha cabeça, introduzia por ela uma lanterna escurecida, toda fechada, fechada, de modo que nenhuma luz dali irradiasse, e então enfiava a cabeça (POE, 2012, p. 94).

O fato de interesse no trecho supracitado é a especificidade do momento que o algoz entrava no quarto da vítima para observá-lo. Devido a obsessão pelo olho cego do senhor, há, como observa Bezerra (2008) quase que uma espécie de ritual nas ações descritas, sugerindo a eminência da morte – tão próxima e inesperada – endossando a ideia de que à meia-noite não é um horário esporádico nas narrações de Allan Poe.

Em todas as narrações citadas acima, o horário da meia-noite possui não só a possibilidade de relação com o sobrenatural como principalmente a relação de passagem da vida para a morte ou vice-versa. Mas também é com a menção das horas que a trama alcança pontos-chave para o clímax do enredo. Acerca do exposto, cita-se a situação vista no conto Enterro prematuro:

Cheio de desespero, e ainda inflamado pela memória de uma profunda ligação, o amado empreende a jornada da capital até a remota província onde fica a vila, com o propósito romântico de desenterrar o cadáver e se apossar de suas fartas madeixas. Ele chega ao túmulo. À meia-noite, desenterra o caixão, abre a tampa e, no preciso momento em que corta os cabelos, fica paralisado pelo abrir dos adorados olhos. Na verdade, a mulher fora enterrada viva (POE, 2012, 137).

Um homem, ansioso por retirar ao menos uma mecha dos cabelos daquela que amou em vida, abre o túmulo no meio da madrugada e se surpreende ao ver que a moça ainda vivia. O ponto de virada na história é marcado com a especificidade do horário em questão, que enfatizam a relevância dos acontecimentos. Outra passagem, agora do devaneio à lucidez é notada no conto Berenice:

Quando dei por mim, estava sentado na biblioteca, e novamente sozinho. Parecia-me haver recém-despertado de um sonho confuso e tumultuoso. Sabia que era meia-noite, e tinha plena consciência de que desde o pôr do sol Berenice fora enterrada (POE, 2012, p. 182).

O protagonista acorda de um transe inconsciente, do qual não recorda de suas ações anteriores com clareza e imagina ter sonhado. Logo após o despertar, toma-se conhecimento de que, nesse espaço de tempo sem lucidez de suas ações, ele teria torturado sua prima – ainda viva – ao arrancar todos os seus dentes. As horas também cumprem papel fundamental na ambientação do terror, por sugerirem momentos cruciais nas narrações e desenvolverem no imaginário do leitor uma aura de mistério e tensão.

Por fim, tem-se O retrato oval, que dentre os demais fora o único a não constar no livro Contos de imaginação e mistério. Utiliza-se, então, o trabalho de Marinello (2009), o qual consta uma das traduções da narrativa:

Li longamente. Li muito. E contemplei todos eles devotamente, com toda a atenção. As horas voaram e eu não senti. Afinal, meia-noite, a profunda meia-noite chegou sem que eu visse. A posição do candelabro incomodava-me. Afinal, eu já estava cansado. Meu criado adormecera e eu não queria perturbar-lhe o sono. Estendi a mão e troquei a posição da luz, de modo que se lançasse, em cheio, sobre o livro. Meu gesto produziu, porém, efeito inteiramente imprevisto. Os raios luminosos das inúmeras velas caíram sobre um nicho existente no quarto, que estivera, até então, oculto pela sombra de uma das colunas do leito (POE, 1996 apud MARINELLO, 2009, p. 6).

O protagonista encontra abrigo em um antigo castelo abandonado para descansar durante a noite que se aproximava. Em um dos quartos, enquanto lia, mudou de lugar a iluminação do candelabro, o que o fez descobrir um quadro quase totalmente fidedigno de uma jovem moça. A partir daí, uma história secundária – a do quadro – é narrada para os leitores. Com isso, novamente, Poe enfatiza o horário dos acontecimentos, o que é comentado por Marinello (2009):

[O narrador ] passa a ler a obra, e afirma ter estado envolvido com isso até a meia-noite: “afinal, meia-noite, a profunda meia-noite chegou sem que eu visse”. No mundo ocidental, esse horário traz consigo uma simbologia ligada à magia. […] Portanto, essa indicação temporal contribui para criar um ambiente fantástico (MARINELLO, 2009, p. 8).

À vista disso, compreende-se a tentativa de enfatizar a aura de mistério da narrativa a partir não só do horário preciso, mas também do fato de que, a partir dele, a história é narrada sob uma óptica passada, com elementos os quais a resolução é incerta, e ficará a cargo do leitor decidir se os eventos são meras coincidências ou, de fato, explicados de forma fantástica.

Em suma, observa-se que Poe não mede esforços para conduzir seus escritos a uma aclimatação de medo com sugestões que levam a tal fim. O recurso da especificação das horas – e mais ainda, à meia-noite – carrega em si a conotação de que, nos ocorridos, há um toque macabro, obscuro ou anunciante de alguma fatalidade, geralmente ligado à passagem de algo para alguma coisa oposta, e em sua maioria, a acontecimentos inexplicáveis pela razão humana. A presença do gênero Fantástico (com a modalidade Estranho) permeia, segundo Todorov(1992), toda a literatura poeana, e ao nosso ver, a hora da meia-noite e o estilo gótico fazem parte dessa ambientação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com efeito, observa-se que no imaginário popular de diversos autores habita a sugestão de que a transição entre a noite e a manhã possui algo de macabro, que incita o medo inerentemente. Mais do que qualquer horário, a meia-noite marca a passagem do tempo de forma expressiva, pois quando o horário é exato, há uma união do dia passado com o presente, de forma que não se sabe ao certo qual dos dois é predominante. Talvez por isso, as narrativas do terror atribuam à meia-noite poderes obscuros, os quais fortificam os seres que a razão se nega a crer na existência.

De qualquer forma, a cultura popular influencia a literatura (ou vice-versa?) e é possível encontrar em narrativas fantásticas a ambientação das horas com frequência, em especial quando os assuntos que ocorrem durante esse período são de cunho sobrenatural. Vê-se a característica principal do gótico, então, que é contrapor a racionalidade, estendendo-se às obras de gênero fantástico, haja vista que a dúvida é a força-motriz para essa narrativa. O horário participa da composição do ambiente, reforçando a eminência de algo perigoso ou incompreensível à mente humana.

Ao levar tais fatos em consideração, nota-se que, em se tratando de literatura poeana, as evidências são ainda mais claras, visto que em contos variados do autor existe uma relação entre o horário das ações e a conclusão da narrativa de forma misteriosa, como se a meia-noite reforçasse a dúvida acerca dos ocorridos. Poe, aparentemente, faz uso desse artifício para fortalecer a sugestão de que, pelo clímax narrativo se transcorrer de preferência nessa hora, as histórias contadas são, de fato, relacionadas a eventos sobrenaturais. Naturalmente, há diversos outros contos do autor para corroborar essa ideia, mas espera-se que o recorte aqui exposto tenha atendido ao fim da análise.

Portanto, o trabalho aqui proposto não pretende encerrar as discussões acerca do tema, tampouco, evidentemente, afirmar que qualquer citação acerca do horário deverá, de forma obrigatória, denotar elementos obscuros, mas sim demonstrar que, no que concerne à ambientação das histórias fantásticas, um dos componentes da atmosfera do terror pode ser a menção da meia-noite e, com enfoque especial à literatura de Poe, as horas marcam pontos importantes nas narrativas, sejam passagens de sanidade à loucura, de vida à morte, de calmaria ao caos etc, o que reforça a ideia de que a meia-noite possui intrinsecamente capacidades de despertar o sobrenatural.

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